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Ricardo Saud deixou de informar conta no Paraguai ao assinar acordo, diz Janot

Ao pedir instauração de inquérito sobre gravação entre delatores da JBS, o procurador-geral da República afirmou ser necessário a 'aprofundar informação' sobre conta que o executivo não informou às autoridades quando firmou delação premiada

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Foto do author Beatriz Bulla
Por Fabio Serapião e Beatriz Bulla
Atualização:
Ricardo Saud. Foto: Reprodução

Ao pedir instauração de inquérito sobre gravação entre delatores da JBS, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que o executivo Ricardo Saud ainda anexou um anexo complementar no qual declara ter uma conta no Paraguai não declarada às autoridades quando o Grupo assinou o termo de colaboração com o Ministério Público Federal.

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"Ademais, o colaborador Ricardo Saud, também em 31/8/2017, apresentou anexo declarando possuir conta no exterior, mais especificamente no Paraguai, a qual não havia sido informada quando da assinatura do acordo em 3/5/2017. Essa informação precisa ser aprofundada, considerando que o momento da declaração patrimonial, que leva em consideração, inclusive, a estipulação do valor da multa e da eventual perda de valores ilícitos, dá-se com a apresentação de anexo patrimonial, antes do oferecimento da premiação", afirmou Janot.

O Procurador-geral da República pediu investigação, nesta segunda-feira, 4, sobre um áudio, gravado por acidente, entre Joesley Batista e Ricardo Saud, com duração de 4 horas, no qual eles mencionam que o advogado Marcelo Miller, à época em que era procurador, teria atuado para garantir facilidades aos delatores junto à Procuradoria-Geral da República.

Miller integrou a força-tarefa da Operação Lava Jato e atuou nas delações do ex-senador Delcídio do Amaral edo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.

Após deixar o Ministério Público Federal, ele passou a integrar o escritório de advocacia Trench, Rossi e Watanabe, e integrou o time de advogados que negociaram o acordo de leniência da J&F.

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Janot pediu abertura de inquérito sobre a possível omissão de crimes pelos delatores e para investigar a menção ao ex-procurador da República.

Segundo o chefe do Ministério Público Federal, a investigação pode culminar com a anulação do acordo da JBS, mas está fora de cogitação anular as provas entregues pelos executivos.

COM A PALAVRA, A J&F

Segue a posição oficial da J&F sobre os acontecimentos de hoje.

A defesa dos executivos da J&F junto ao Ministério Público Federal informa que a interpretação precipitada dada ao material entregue pelos próprios executivos à Procuradoria-Geral da República será rapidamente esclarecida, assim que a gravação for melhor examinada.

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Conforme declarou a própria PGR, em nota oficial, o diálogo em questão é composto de "meras elucubrações, sem qualquer respaldo fático". Ou seja, apenas cogitações de hipóteses -- não houve uma palavra sequer a comprometer autoridades.

É verdade que ao longo do processo de decisão que levou ao acordo de colaboração, diversos profissionais foram ouvidos -- mas em momento algum houve qualquer tipo de contaminação que possa comprometer o ato de boa fé dos colaboradores.

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