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EUA enviarão 5,2 mil militares à fronteira com México

Soldados armados integrarão a 'Operação Patriota Fiel' contra caravana centro-americana
Migrantes atravessam o rio Suchiate, de Tecun Uman, na Guatemala, a Ciudad Hidalgo, no México Foto: CARLOS ALONZO / AFP
Migrantes atravessam o rio Suchiate, de Tecun Uman, na Guatemala, a Ciudad Hidalgo, no México Foto: CARLOS ALONZO / AFP

WASHINGTON — Os Estados Unidos enviarão 5,2 mil militares, incluindo soldados armados, à fronteira com o México, anunciaram autoridades nesta segunda-feira. O presidente Donald Trump vem chamando de "emergência nacional" a caravana de migrantes centro-americanos que viaja há dias rumo ao território americano, enquanto promete impedir a sua entrada.

— Eu acho que o presidente deixou claro que segurança da fronteira é segurança nacional — disse o general Terrence O'Shaughnessy, chefe do Comando do Norte, em Washington.

O número anunciado supera significativamente as estimativas anteriores, que giravam entre 800 e mil militares para reforçar o controle na fronteira. Atualmente, já patrulham a região cerca de 2.100 membros da Guarda Nacional.

Segundo fontes ouvidas pela CNN, o reforço do contingente é chamado de "Operação Patriota Fiel" e deverá acontecer entre 5 de novembro e 15 de dezembro — os migrantes da caravana esperam chegar à fronteira entre o fim de novembro e o começo de dezembro. Autoridades disseram ainda à rede americana que soldados só deverão usar armas para sua própria defesa, sem a priori manter contato direto com os imigrantes. Esta deverá ainda ser uma função dos agentes de patrulha fronteiriça.

Migrantes centro-americanos tentam atravessar o Rio Suchiate, na fronteira entre Guatemala e México. O objetivo é chegar aos EUA Foto: LEAH MILLIS / REUTERS
Migrantes centro-americanos tentam atravessar o Rio Suchiate, na fronteira entre Guatemala e México. O objetivo é chegar aos EUA Foto: LEAH MILLIS / REUTERS

A poucos dias das eleições legislativas de meio de mandato nos EUA, em que os republicanos correm o risco de perder a maioria no Congresso, Trump tem adotado uma postura linha-dura em relação à caravana, enquanto busca provar aos eleitores que seu projeto político de restrições à migração permanece vivo.

Morte no caminho

A caravana com cerca de 7 mil imigrantes, segundo estimativas da ONU, já ultrapassou obstáculos e bloqueios policiais ao longo de Honduras, Guatemala e México no seu trajeto até os Estados Unidos. Enquanto isso, um segundo grupo de mais de mil hondurenhos romperam no domingo um bloqueio policial na fronteira entre Guatemala e México enquanto tentavam alcançar a primeira caravana.  Um migrante morreu ao ser atingido por uma bala de borracha disparada por policiais mexicanos, que buscavam deter a passagem da multidão, e outras pessoas ficaram feridas, de acordo com autoridades guatemaltecas.

Apesar dos esforços da polícia, os migrantes resistiram à força e conseguiram atravessar a ponte que separa a cidade guatemalteca de Tecún Umán e a cidade mexicana de Hidalgo, embora ainda não tenham entrado no México. Este grupo é formado por cerca de 1.500 migrantes, que fogem da violência e da pobreza nas suas comunidades, depois que uma caravana inicial de cerca de 7 mil já rumara ao Norte.

Agente americano pede identidade a homem que cruza fronteira do México para Estados Unidos Foto: HERIKA MARTINEZ / AFP
Agente americano pede identidade a homem que cruza fronteira do México para Estados Unidos Foto: HERIKA MARTINEZ / AFP

O ministro do Interior mexicano, Alfonso Navarrete, condenou o ocorrido, afirmando que alguns migrantes portavam armas de fogo e coquetéis molotov. Segundo ele, cerca de 300 pessoas receberam documento de identidade, enquanto 1.895 solicitaram refúgio e 422 pediram a repatriação.

— O governo mexicano rejeita as manifestações de violência que ocorreram na fronteira com a Guatemala e reitera que a única maneira de entrar no México é cumprir as leis de imigração — disse Navarrete.

Bombas de gás lacrimogênio também foram lançadas pela polícia mexicana.

— Não é justo. Nós apenas queremos cruzar o México para ter uma vida melhor — gritava um migrante, com o rosto coberto para se proteger dos jatos de gás.