WASHINGTON — Os Estados Unidos enviarão 5,2 mil militares, incluindo soldados armados, à fronteira com o México, anunciaram autoridades nesta segunda-feira. O presidente Donald Trump vem chamando de "emergência nacional" a caravana de migrantes centro-americanos que viaja há dias rumo ao território americano, enquanto promete impedir a sua entrada.
— Eu acho que o presidente deixou claro que segurança da fronteira é segurança nacional — disse o general Terrence O'Shaughnessy, chefe do Comando do Norte, em Washington.
O número anunciado supera significativamente as estimativas anteriores, que giravam entre 800 e mil militares para reforçar o controle na fronteira. Atualmente, já patrulham a região cerca de 2.100 membros da Guarda Nacional.
Segundo fontes ouvidas pela CNN, o reforço do contingente é chamado de "Operação Patriota Fiel" e deverá acontecer entre 5 de novembro e 15 de dezembro — os migrantes da caravana esperam chegar à fronteira entre o fim de novembro e o começo de dezembro. Autoridades disseram ainda à rede americana que soldados só deverão usar armas para sua própria defesa, sem a priori manter contato direto com os imigrantes. Esta deverá ainda ser uma função dos agentes de patrulha fronteiriça.
A poucos dias das eleições legislativas de meio de mandato nos EUA, em que os republicanos correm o risco de perder a maioria no Congresso, Trump tem adotado uma postura linha-dura em relação à caravana, enquanto busca provar aos eleitores que seu projeto político de restrições à migração permanece vivo.
Morte no caminho
A caravana com cerca de 7 mil imigrantes, segundo estimativas da ONU, já ultrapassou obstáculos e bloqueios policiais ao longo de Honduras, Guatemala e México no seu trajeto até os Estados Unidos. Enquanto isso, um segundo grupo de mais de mil hondurenhos romperam no domingo um bloqueio policial na fronteira entre Guatemala e México enquanto tentavam alcançar a primeira caravana. Um migrante morreu ao ser atingido por uma bala de borracha disparada por policiais mexicanos, que buscavam deter a passagem da multidão, e outras pessoas ficaram feridas, de acordo com autoridades guatemaltecas.
Apesar dos esforços da polícia, os migrantes resistiram à força e conseguiram atravessar a ponte que separa a cidade guatemalteca de Tecún Umán e a cidade mexicana de Hidalgo, embora ainda não tenham entrado no México. Este grupo é formado por cerca de 1.500 migrantes, que fogem da violência e da pobreza nas suas comunidades, depois que uma caravana inicial de cerca de 7 mil já rumara ao Norte.
O ministro do Interior mexicano, Alfonso Navarrete, condenou o ocorrido, afirmando que alguns migrantes portavam armas de fogo e coquetéis molotov. Segundo ele, cerca de 300 pessoas receberam documento de identidade, enquanto 1.895 solicitaram refúgio e 422 pediram a repatriação.
— O governo mexicano rejeita as manifestações de violência que ocorreram na fronteira com a Guatemala e reitera que a única maneira de entrar no México é cumprir as leis de imigração — disse Navarrete.
Bombas de gás lacrimogênio também foram lançadas pela polícia mexicana.
— Não é justo. Nós apenas queremos cruzar o México para ter uma vida melhor — gritava um migrante, com o rosto coberto para se proteger dos jatos de gás.