Por G1


Presidente dos EUA, Donald Trump, se reúne com a embaixadora da ONU, Nikki Haley, no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, nesta terça-feira (9) — Foto: Jonathan Ernst/ Reuters

A embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU), Nikki Haley, pediu demissão. O presidente Donald Trump afirmou nesta terça-feira (9) que aceitou o pedido e que ela deve ficar no cargo até o fim do ano.

Embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, pede demissão

Embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, pede demissão

Ao lado de Nikki, Trump afirmou que havia seis meses que ela queria se afastar. Ele elogiou o trabalho da embaixadora e disse que espera que ela volte ao governo em outro cargo.

"Ela fez um trabalho incrível", afirmou Trump nesta manhã a jornalistas no Salão Oval da Casa Branca, em Washington. O nome do seu sucessor não foi anunciado, mas o presidente disse que uma nova nomeação poderá ser conhecida "nas próximas duas ou três semanas".

Um dos nomes comentados para substituir a embaixadora foi o da própria filha de Trump, Ivanka, mas ela negou que seja candidata ao cargo. "É uma honra servir na Casa Branca junto com tantos colegas excelentes e sei que o presidente nomeará um substituto formidável para a embaixadora Haley. Essa substituição não serei eu", escreveu no Twitter.

Trump também negou que irá apontar a filha. "As pessoas que a conhecem sabem que Ivanka é dinamite. Mas, vocês sabem, eles me acusariam de nepotismo", disse a jornalistas na Casa Branca.

Ex-governadora

Antes de assumir a função na ONU, a republicana de 46 anos era governadora da Carolina do Sul. Logo após o anúncio oficial da sua demissão, ela negou ter planos de postular o cargo de presidente da república em 2020.

"Não, não me candidatarei para 2020", disse, após declarar que foi uma honra estar na ONU. "Espero poder apoiar o presidente nas próximas eleições".

Filha de imigrantes indianos, Nikki Haley tem sido considerada uma estrela em ascensão no Partido Republicano, tradicionalmente marcado por uma liderança branca e ávida por contar com minorias femininas e étnicas para ampliar seu atrativo eleitoral.

Haley rapidamente se tornou um dos rostos mais conhecidos do governo e uma das principais defensoras de que o slogan de Trump "America First" [Estados Unidos Primeiro, em tradução livre] não significava “America alone” [ou "Estados Unidos sozinhos"].

Linha de frente

Novata nas relações internacionais, ela rapidamente se colocou na linha de frente da cena diplomática americana. Mas desde que Rex Tillerson foi substituído no Departamento de Estado por Mike Pompeo, muito próximo de Trump, ela parecia mais retraída.

Durante sua passagem pela ONU, ela se distinguiu por uma linha dura contra a Coreia do Norte e o Irã, as principais questões de política externa do atual governo americano.

Ela conseguiu cortes na contribuição americana para o fundo das Nações Unidas e retirou os Estados Unidos do Conselho de Direitos Humanos, após acusá-lo de ter "viés anti-Israel crônico".

De Nova York também fez eco dos severos questionamentos de Trump à ONU. Justificou os cortes da ajuda internacional americana e, no início deste ano, sob a sua liderança, os Estados Unidos deixaram o Conselho de Direitos Humanos da ONU, o qual acusou de ser parcial com relação a Washington e Israel.

Haley tem sido uma crítica ferrenha do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, a quem considera um ditador. Durante a última Assembleia Geral da ONU, mostrou uma conduta extremamente incomum para um diplomata de alto escalão ao se colocar junto de manifestantes venezuelanos opositores com um megafone.

Também criticou o governo de Daniel Ortega na Nicarágua, o qual acusa de seguir o "caminho" de Síria e Venezuela.

Conseguiu por duas vezes que a crise da Venezuela fosse discutida no Conselho de Segurança, que só debate casos que sejam uma ameaça à segurança e à paz no mundo; e em setembro aproveitou que os Estados Unidos presidiam o Conselho para convocar uma sessão sobre a Nicarágua.

Embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, exibe fotos de vítimas de suposto ataque químico na Síria — Foto: Bebeto Matthews/AP

A renúncia do cargo de embaixadora ocorre poucas semanas antes das eleições legislativas de meio mandato, nas quais os republicanos podem perder o controle do Congresso.

Veja abaixo outras figuras importantes que deixaram o governo Trump desde janeiro do ano passado:

  • Chefe de Meio Ambiente Scott Pruitt: o então chefe da Agência de Proteção Ambienta foi demitido por Trump em julho. A saída deste ex-procurador-geral de Oklahoma vinculado à indústria de combustíveis fósseis aconteceu em meio a escândalos por seu estilo de vida e uso inapropriado de fundos públicos.
  • Conselheiro de Segurança Nacional H.R. McMaster: H.R. McMaster foi substituído pelo conservador John Bolton em 22 de março. Sua saída era previsível. Em fevereiro, Trump havia questionado-o no Twitter depois que McMaster considerou "irrefutáveis" as provas da ingerência de Moscou nas eleições.
  • Secretário de Estado Rex Tillerson: foi demitido por um tuíte em 13 de março após meses de tensão e humilhação por parte de Trump sobre a sua estratégia diplomática, em particular sobre Coreia do Norte e Irã. Durante a sua gestão, o outrora diretor executivo da ExxonMobil muitas vezes se viu forçado a negar brigas com Trump, permanecendo no cargo apesar dos boatos de que havia chamado-o de "imbecil".
  • Conselheiro econômico Gary Cohn: o ex-executivo do banco de investimentos Goldman Sachs renunciou como principal conselheiro econômico de Trump em 6 de março pela decisão do presidente de impor novas taxas às importações de aço e alumínio, após vários desacordos.
  • Chefe de estratégia Steve Bannon: apelidado de "presidente nas sombras", renunciou como principal estrategista da Casa Branca em 18 de agosto de 2017. Idealizou a campanha de Trump, de forte caráter populista e nacionalista. No governo, Bannon teve choques constantes com outros assessores. Seus laços com a extrema direita motivaram acusações de que Trump representava racistas.
  • Chefe de gabinete Reince Priebus: ex-chefe do Comitê Nacional Republicano, foi o primeiro chefe de gabinete da Casa Branca de Trump. Mas nunca conseguiu disciplinar o presidente ou seus colaboradores. Saiu em 31 de julho de 2017, depois de 189 dias no cargo, ao perder o apoio de Trump.
  • Porta-voz Sean Spicer: era encarregado da complexa missão de comunicar as mensagens de Trump. Renunciou em 22 de julho de 2017, após a nomeação do explosivo Anthony Scaramucci como diretor de Comunicações da Casa Branca, que foi demitido após 10 dias, quebrando o recorde de baixa permanência.
  • Conselheiro de Segurança Nacional Michael Flynn: chegou à Casa Branca depois de ter sido demitido por Barack Obama como chefe da Inteligência da Defesa. Com Trump, durou 22 dias: foi expulso em 13 de fevereiro de 2017, comprometido por declarações falsas sobre seus contatos com funcionários russos e após ser revelado que havia sido lobista do governo turco.

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